Trecho do Livro “Espaço e Vida Eterna”,
de Chandra Wickramasinghe e Daisaku Ikeda, pg 60.
A visão penetrante do budismo é direcionada tanto para o cosmo interno como para o externo. Ao examinar a totalidade dos ensinos de Sakyamuni, o fundador do budismo, percebemos que, na exploração da vida interior, a meditação e a contemplação formam a base da prática. Quando o praticante combina essas duas com várias outras práticas, tais como observar os preceitos e fazer oferecimentos, mergulha cada vez mais no domínio interior de sua vida e se esforça para compreender o que existe em seu mundo interno.
A busca interior não para no plano individual, vai além, entra no domínio transpessoal. Para ser mais específico, essa busca individual abarca a vida dos familiares e dos amigos e continua se expandindo também para a sua raça, a sua nação e até mesmo toda a humanidade. E essa busca vai ainda mais além, identifica a própria vida com a de outros seres vivos e, então, transcende as fronteira do Planeta Terra e o ciclo de nascimento e morte das estrelas e, por fim, entra em fusão com o Universo. Sakyamuni percebeu, com o âmago de sua vida, a existência da “vida fundamental” que dá origem ao próprio universo.
Em outras palavras, Sakyamuni percebeu a existência do cosmo no interior de sua vida e, além disso, alcançou a fonte essencial desse cosmo, ou seja, a vida universal. Então, descobriu que essa fonte é em si una com o cosmo externo. Em seguida, fez o processo reverso, iniciou do ponto essencial da vida para depois voltar a atenção para o mundo fenomenal ou externo. Dessa forma compreendeu que essa “vida fundamental” se estendia não somente às evoluções físicas, químicas e biológicas que ocorrem em todo o cosmo externo, mas também à evolução da consciência humana; na verdade, a cada um dos fenômenos que ocorre no mundo externo.
Assim, o que é visto como interior, em seu nível supremo, é transcendente. No budismo, o interior não significa simplesmente o que existe dentro de nossa vida, mas a relação mútua do próprio cosmo interno com o cosmo externo, que constitui o mundo fenomenal. Essa relação se expressa na frase “o interior é em si transcendente” ou “a transcendência é em si interior”.
Daisaku Ikeda,