Somos um sonhar sem limite e só sonhar.
Não podemos, pois, ter idéia do que seja um não sonhar
Tudo quanto é e existe é um sentir e é o que cada um de nós tem sido sempre e continuamente. De onde pode um sentir, uma sensibilidade, tomar consciência do que possa ser um não sentir, um tempo sem fatos, pois somente há, só existe o que é fato, nosso estado em nossa sensibilidade? Nossa eternidade, um infinito sonhar igual ao presente é certíssimo.
Mas me dirão que há sonhos que cessam, que se tornam tão rebeldes que nunca os recuperamos: há os que se ocultam, as ocultações dos que talvez existam mas que não veremos nem reconheceremos mais.
Essas ocultações só existem para um Sonhar hesitante: há sonhos que reclamam para voltar à plenitude de nossa alma, uma alma transbordante, uma certeza sem sombra em nossa decisão de sonhá-los.
Quem sabe nessa fragilidade de sonhar quantas vezes afastamos o sonho dos que voltam, desacreditamos, negamos a visita plena e inteira que nos oferecia alguém que Voltava da Ocultação!
Museu do romance da Eterna, de Macedônio Fernandez
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