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segunda-feira, 21 de março de 2011

Li Po

Li  Po

CAÇADA

Os filhos da fronteira ignoram por toda a vida os livros.
Não sabem senão caçar, orgulhosos de serem flexíveis e ágeis.
No outono, seus cavalos bárbaros engordam, precisam de ervas,
e eles então sobem para a sela, com perfil desdenhoso e altivo;
seus chicotes de ouro afloram à neve;
a bainha de suas espadas estala.
Meio ébrios chamam seus falcões e partem para os campos distantes.
Distendem seus arcos, que quase se arredondam e nunca erram o alvo.
Uma flecha assovia: dois grous negros caem ao mesmo tempo.
À beira do lago, quem os vê fica apavorado,
pois sua ferocidade e bravura enchem o deserto.

(Fechado até a velhice atrás de cortinas,
como pode o letrado competir com o cavaleiro?)




Tradução: Cecília Meirelles


Li  Po (ou Li Tai Po, ou Li Bai), Chinês, 701-762, considerado o maior poeta romântico da dinastia Tang. “Seus delicados poemas são feitos de quase nada: são como miniaturas de excelente desenho.” (Cecília Meirelles). Conhecido pela sua imaginação extravagante e pelo seu grande amor à bebida. Passou grande parte de sua vida viajando. Dizem que morreu afogado no rio Yangzi, tendo caído do seu bote ao tentar abraçar o reflexo da lua, alcoolizado.
Imagem do site: http://www.tastearts.com/tag/wine-poems/page/2/

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